Antes de tudo precisamos entender que cada aluno tem um processo de aprendizagem, e essa autonomia deve ser estimulada e acreditada.

Para isso, o professor também deve se desenvolver, através de estudo, de abrir a mente em relação ao que aprendeu faz 20 anos e como as coisas funcionam hoje, e sabendo ouvir o aluno.

A realidade de dentro da sala de aula deve fazer sentido com a realidade fora da sala de aula. Deve ser mútuo o ensinamento e cuidado em relação aos direitos e deveres da criança e do adolescente, quanto indivíduos inseridos na sociedade.

Adaptações são necessárias no dia a dia do educador e imprevistos acontecem, mas os alunos não são os obstáculos da aprendizagem dentro de sala de aula, mesmo que careçam de necessidades especiais. Elas devem ser vistas como atores principais, regentes do próprio caminhar e conhecer, sendo mediados pelos professores.

Muitos pedagogos, psicólogos, filósofos, pensaram como funciona o desenvolvimento da criança, e isso que vamos conhecer mais, e nos identificar com alguma das vertentes do pensamento do desenvolvimento infantil.

O desenvolvimento a partir de Piaget:

Na Teoria de Piaget as crianças passam por estágios específicos, de acordo com seu intelecto. Todo esse desenvolvimento do processo cognitivo ocorre de forma contínua e progressiva nos estágios de Piaget, dependendo da idade aproximada. Ou seja, é um pensamento pensado mais biologicamente.

A teoria do desenvolvimento por Piaget inicialmente pensou em dois conceitos para observar:

A acomodação, que é o processo de tirar novas informações no ambiente e alterar informações pré-existentes para se encaixar nas novas informações. Por exemplo: Comer. A criança quando pequena come papinha, não tem que mastigar. Já quando cresce ela passa a mastigar os alimentos. Sendo assim, ela substitui a informação que tinha onde relacionava que comer era só algo pastoso, e agora consegue também se alimentar utilizando os dentes.

A assimilação é por outro lado como os seres humanos percebem e se adaptam a novas informações. Por exemplo: Pegar transporte público. Normalmente utilizamos os ônibus, mas se em alguma necessidade ou distância maior for necessário pegar um trem, sabemos que a ideia é a mesma, as etapas são parecidas. Você assimila que ambos são transportes, tem motorista, tem que pagar, tem que esperar parar e a porta abrir para entrar.

Pensar e comparar o desenvolvimento das crianças não é exatamente o que Piaget defende, ele entende uma “margem de erro” em sua teoria, mas apresenta um período para cada etapa da vida onde a criança está mais sensível à desenvolver tal habilidade motora, física, biológica, sentimental.

Os estágios de desenvolvimento infantil do Piaget são:

Sensoriomotor (0 – 2 anos) – Entende o mundo através das sensações e ações. Este é o período em que a criança melhora reflexos inatos.

Pré-Operatória (2 – 7 anos) – Entende o mundo através da linguagem e de imagens mentais. Esse é o período em que a criança pensará de acordo com suas experiências individuais, não sabendo se colocar no lugar do outro.

Operacional Concreto (7 – 11 anos) – Entende o mundo através do pensamento lógico e categorias. Esse é o período em que a criança agora é madura o suficiente para usar o pensamento ou as operações lógicas, mas só pode aplicar lógica a objetos físicos.

Operacional Formal (11 ou mais) – Entende o mundo através do pensamento hipotético e raciocínio científico. Esse é o período em que a criança adquire a capacidade de formular uma hipótese sobre algo que eles não aprenderam especificamente.

O desenvolvimento a partir de Vygostky:

Para Vygostky, a aprendizagem é resultante da atividade de cada pessoa, num meio social, e da reflexão que ela consegue fazer a partir daquilo. Os conceitos da teoria de aprendizagem de Vygotsky percebem a escola como o local onde a intervenção pedagógica é intencional, e é isso o que promove o processo de ensino-aprendizagem.

Por isso o professor tem que também estar de acordo com a proposta pedagógica do que deve, e pode, fazer em sala de aula. Além do aluno estar consciente do seu papel ali, por mais que muitos não entendam por que devem ir à escola, o professor também deve estar alinhado ao objetivo da escola para o processo de ensino aprendizagem.

Como o nome já diz, é ensinar e aprender, e isso não leva em consideração um abismo que separa as funções e expectativas, pelo contrário, é uma via de mão dupla que tanto professor quanto aluno ensinam e aprendem mutuamente.

Sendo assim, Vygostky pensou na ZDP (Zona de Desenvolvimento Proximal), que é a distância entre o desenvolvimento real de uma criança, e o que ela ainda tem o potencial de aprender, que é demonstrado pela capacidade de desenvolver uma competência com mediação de um adulto. Para ele, o ensino deve se antecipar àquilo que a criança ainda não sabe e nem é capaz de aprender sozinha, estimulando-a, e não esperando um marco para começar a orientá-la.

Existem 3 tipos/estágios dessas Zonas:

Zona de desenvolvimento real: refere-se às etapas já alcançadas pela criança e que permitem que ela solucione problemas de forma independente.

Zona de desenvolvimento potencial: é a capacidade que a criança tem de desempenhar tarefas desde que seja ajudada por adultos ou companheiros mais capazes.

Zona de desenvolvimento proximal: é a distância entre as zonas de desenvolvimento real e potencial. Ou seja, é o caminho a ser percorrido até o amadurecimento e a consolidação de funções.

Podemos pensar no exemplo do dever de casa, há uma transição notória entre as zonas, desde quando a criança tem que aprender que aquele momento deve sentar e fazer o trabalhinho, e depois quando ela já realiza a tarefa sozinha porque entendeu a questão e já fez outras vezes com auxílio do responsável ou professor.

O principal ponto do desenvolvimento pensado por Vygostky está no ambiente, no meio social, que tem papel fundamental no desenvolvimento intelectual da criança. O desenvolvimento, segundo ele, ocorre de fora para dentro. Assim, a internalização, que permite absorver o conhecimento vindo do contexto, é fundamental. A internalização está diretamente relacionada à repetição, então a criança se apropria da fala do outro e a torna sua.

Por isso que pensamos, ou já ouvimos, que “fulaninho” fala que nem gente grande, tem um vocabulário que achamos não ser próprio da sua idade, ou que a criança se parece muito com o pai/mãe no jeito de falar, gesticular. E até mesmo por conta disso que é aconselhado não falar palavrão, não reproduzir ofensas, perto de crianças.

O desenvolvimento a partir de Wallon:

De acordo com Henri Wallon o desenvolvimento é visto como um caminho contínuo e assistemático, de modo que a criança oscila entre a inteligência e afetividade. Ou seja, se desenvolver está atrelado com a oposição com o mundo externo.

O que é contrário ao que Piaget dizia, pois para Wallon, embora cada estágio alcançado seja irreversível, não significa que não pode retornar ao momento anterior. Os estágios do desenvolvimento infantil se complementam e unem-se, dando origem à diversas possibilidades de ações e reações de um indivíduo, devido ao acúmulo e estímulos que tem durante o processo de desenvolvimento.

Wallon separa em alguns estágios:

Estágio impulsivo-emocional – Vai do nascimento ao primeiro ano da vida, sendo bastante afetiva, e as emoções são o seu canal de comunicação.

Estágio sensório-motor e projetivo – Dos 3 meses aos 3 anos a sua inteligência se eleva e o sentido cognitivo acompanha, assim, sua inteligência se divide entre a prática interativa e começo da apropriação linguística.

Estágio do personalismo – Dos 3 aos 6 anos a sua personalidade é construída e a sua autoconsciência acaba sendo moldada. Além disso, sua fase de imitação social e motora começa a amadurecer e ficar evidente.

Estágio categorial – Dos 6 aos 12 anos a criança cria categorias mentais para que possa categorizar o mesmo objeto em conceitos diferentes, dando lugar ao raciocínio lógico.

Estágio da adolescência – Entre 11 e 12, seu corpo e mente se alteram visivelmente, bem como o surgimento de seus conflitos emocionais.

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