O que é homeschooling? Será que é uma possível realidade, a partir do ensino à distância, na era pós pandemia?

Em um texto no qual vamos falar sobre o Home Schooling, que veio com grande força nos debates e questionamentos podemos pensar também na diferença que tem com o EAD, que agora estamos acostumados. Para contextualizar vocês… Home Schooling quer dizer uma educação domiciliar. Muito mais do que estudar à distância, como tivemos que fazer na pandemia. O EAD (Ensino a Distância) nos possibilitou não só estudar em casa, como em meios de transporte, trabalho, até dormindo. Levamos as aulas para todos os lugares, bastava falar “Presente” na hora da chamada.

Nesse texto vamos buscar entender, juntos, as diversas possibilidades, formas, e locais, para o ensino. Dando ênfase, principalmente, ao que se tornou muito comum de escutar, como o caso de que tudo seria virtual a partir de agora. Será que nós professores não teremos mais um espaço próprio?

Professores, alunos, pais, responsáveis e sociedade… Todos puderem perceber o impacto que tem em fazer tudo remoto, estar em um ambiente que, pela desigualdade, não é adequada e incentivada para todos. Tivemos internet travando, caindo, falta de recursos apropriados, como notebook, boa iluminação, conhecimento tecnológico, etc.

A substituição dos professores não é algo que parece muito próximo da nossa realidade. Mas já era para ter sido substituída a maneira como vemos os professores. Não somos máquinas, nem sabemos todas as coisas. O papel do professor em sala de aula é ser mediador, é despertar o interesse do aluno, possibilitar novos caminhos que o aluno não pensaria sozinho, nem se sentiria capaz e habilitado sem o devido material pedagógico (podemos entender quais são os diversos materiais, estilos de aula, de aprendizado, a partir das nossas outras postagens sobre metodologias ativas e como funcionam para cada estilo e preferência).

Esse texto é voltado para o professor que no meio de tantas informações pode acabar sentindo-se distante da sua proposta. Visto que no EAD temos que nos contentar com telas, câmeras e microfones desligados, e pouca interação, ou participação demais, como de pais, obras, bebês, barulhos comuns do dia a dia de uma família em casa.

Seria possível que o método de ensino por homeschooling ganhasse força e apoio, mas a educação não deve se tratar de uma ação individual, pensada com um modelo isolado. Devem ser avaliados: condições financeiras, apoio do governo, legislação adequada, não substituição do incentivo monetário e pedagógico nas escolas, preparo acessível para os professores.

Mas isso não deve ser comparado ao que vivemos em tempos emergenciais. A resiliência e criatividade, cada vez mais notórias, de professores, coordenadores, pedagogos, foram essenciais e inspiradoras para dar continuidade, e reinventar o que tínhamos por padrão de aula, mesmo que em cada realidade geográfica isso tenha sido feito da maneira que dava.

O homeschooling não é o novo EAD.

A Educação a Distância é uma modalidade de ensino, prevista na LDB/96 e caracteriza-se, atualmente, pelas aulas online em plataformas denominadas Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA). Mas esta modalidade não é recente, antes da internet as aulas aconteciam via rádio e/ou TV.

Já a proposta da educação domiciliar, legalizada em países, como Estados Unidos, Áustria, Bélgica, Canadá, Austrália, França, Noruega, Portugal, Rússia e Nova Zelândia, exige uma avaliação anual dos alunos por estes países por parte do governo. Mas no Brasil não há lei para amparar tal decisão dos responsáveis.

Podemos citar algumas diferenças práticas:

EAD – Muitas mídias e profissionais são envolvidos, além aula gravada em vídeo, apresentações, links para sites, exercícios para realizar remotamente; Promove e permite interação em grupo; Tem como base uma estrutura legislativa pedagógica e reconhecimento do Estado.

Homeschooling – A criança não estaria matriculada em uma escola e deveria ser alfabetizada pelos responsáveis; Conta com total responsabilidade dos pais e do professor; Segue uma diretriz, horários, grade, montada pelo professor, desprendido à uma responsabilidade e legislação.

Prós do Homeschooling:

A questão mais usada para adoção de tal método é que o aluno sofria bullying, ou até mesmo têm os que acreditam ser uma forma mais séria e de atenção exclusiva para a criança. Visto que em turmas muito grande, ou até mesmo um pouco menores, por conta da dinâmica não há como atender às necessidades de todos.

Um dos principais argumentos dos que defendem o homeschooling também seria a baixa qualidade de ensino no país. Segundo dados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), o Brasil aparece entre as 20 piores colocações no ranking das três áreas acompanhadas pelo exame: matemática, ciências e leitura.

Além disso, há os pais defensores do ensino domiciliar com a teoria de que existiria uma doutrinação ideológica por parte dos professores.

Contras do Homeschooling:

A opinião de que o homeschooling não seria uma boa opção é por conta do que acredito a partir do pensamento de Vygotsky, que diz sobre a interação entre as crianças, sendo assim, para ele o conhecimento é obtido por meio da interação com os interlocutores, numa relação em que todos são agentes ativos e têm o que acrescentar no processo do outro. Ou seja, defende o resultado da interação e atividade de cada pessoa e da reflexão que ela consegue fazer a partir daquilo.

Segundo o artigo 6º da LDB/96: “É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade.” (BRASIL, 1996).

O ambiente de aprendizagem, seja ele qual for, deve fazer sentido para o aluno, principalmente. Mas se já temos uma estrutura (a escola) que é para que esses alunos se reúnam e troquem experiência, não faz sentido querer modificar isso, separar essa parte da socialização e aprendizagem, daquele indivíduo que muitas vezes não tem chance de escolher. Se uma das principais justificativas é a baixa qualidade de ensino no Brasil, os contrários ao modelo defendem que se deve investir na melhoria na educação e não simplesmente tirar as crianças da escola.

É importante destacar também que em casos de violência doméstica e abuso sexual sofrido pelas crianças muitas vezes são identificados na escola, e no caso dos estudantes que os pais são adeptos ao homeschooling, os menores estão mais suscetíveis a estes tipos de crimes e falta de explanação do assunto para essas crianças.

Como entender e atender as necessidades do professor na educação do Brasil?

É um exercício que nós, professores, educadores, vivemos diariamente, que é a empatia. Em sala de aula, e nem dentro de nós, deve haver espaço para preconceitos, segregações, ainda mais vivendo no Brasil, um local cheio de diversidade.

Acredito que os responsáveis tiveram uma leve experiência do que seria ter a educação domiciliar, toda a estrutura e dedicação que precisa. Mas também é necessário ver o lado do professor, a falta de preparação pedagógica que nós temos para levar uma educação totalmente fora dos padrões, fora de uma estrutura com coordenação auxiliada por documentos legais pedagógicos. Não é só falar, passar exercícios e prova. O envolvimento que o professor deve ter é com o aluno, mas mais ainda, é com a sociedade. O aluno é um indivíduo com direitos e deveres também.

As pautas educacionais são muito “batidas”, os discursos são sempre os mesmos, aqueles que agradam à maioria dos professores que ainda sonha e acredita numa educação real e igualitária. Não é errado sonhar, nem querer acompanhar as mudanças que acontecem na sociedade, mas enquanto isso for uma realidade de poucos, não compreende totalmente ao que é educar (a saber: é dar a alguém todos os cuidados necessários ao pleno desenvolvimento de sua personalidade) e transformar o mundo.

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